Graziely Moessa, acadêmica do 6º sem. de Jornalismo |
Estava pensando no tempo. É engraçado se compararmos as coisas em cada tempo de nossa vida, tudo terá um valor diferente. Trinta anos, para uns pode ser pouco, para outros muito. No Brasil, em 30 anos muita coisa mudou: da ditadura, hoje vivemos em um país democrático, as nova descoberta científicas apontam cura para doenças e o desenvolvimento tecnológico mudou a dinâmica da vida.
Para a UFMT, em Barra do Garças, 30 anos é uma vida. Foi em 1981 que a Universidade Federal de Mato Grosso iniciou sua expansão para a região do Araguaia, com criação de dois cursos: letras e ciências. Entre os pioneiros, duas jovens sonhadoras das primeiras turmas de letras, que viveram intensamente esse tempo, nos ajudam a contar a história. São elas: Maria Claudino da Silva, que hoje é professora da UFMT e a técnica administrativa Dalva Sabino Nunes.
O tempo e a pressa
`TRIIIIIIIIIIIIIM...´O sinal tocou.
Toc, toc, toc, toc, pac, pac. Passos apressados dos alunos para ir a outro espaço para assistir a próxima aula.
Essa foi a realidade inicial. Nos primeiros anos do curso de Letras os alunos faziam verdadeiras maratonas para ter uma sala de aula fixa. Era constante o vai e vem de uma escola para outra. As aulas iniciaram na escola Gaspar Dutra, depois a sede foi à escola Francisco Dourado, e também partes na escola São João Batista. “Até no antigo mercado municipal tivemos aula”, recorda uma das primeiras alunas Maria Claudino.
Hoje a Universidade conta com dois campi, com mais de 60 hectares cada, com salas novas divididas para todas as turmas existentes. Mas, o tempo é outro.... e as expectativas também. O máximo de pressa que o aluno tem agora é para que chegue logo o intervalo ou que a aula termine.
A tecnologia e o professor
- A luz acabou - diz um aluno.
- Vamos acender uma vela, e dar sequência a aula, completa o professor.
Assim, era naquele tempo, não tinha essa desculpa para não ter aula. O professor já acendia uma vela ou tirava um lampião da bolsa e a aula continuava. As dificuldades eram inúmeras, mas todos estavam ali para estudar e se empenhar. Os professores que começaram com o curso, estavam ali construindo um caminho e com frequência ensinavam além dos conteúdos do curso. Professores que faziam e fazem jus ao nome professor, com o compromisso com o aluno. Hoje temos no quadro de professores a maioria mestres e doutores, mas será que somente isso que precisamos? “Os alunos reclamam muito da falta de compromisso de alguns profissionais, da vontade do curso ser melhor a cada dia e da falta de diálogo de professor-aluno”, afirma a professora Maria Claudino.
Hoje a estrutura física é melhor. “Para quem viveu naquelas situações hoje estamos no céu”, destaca Maria Glaudino. O mimeógrafo (era uma “geringonça” para fazer cópias de papel escrito em certa escala) e o retroprojetor eram novidades espantosas, o giz e o empenho do professor eram suas principais ferramentas para o ensino. Atualmente muitos professores ficam impossibilitados de dar aulas se não tiver um datashow dentro da sala. Para datilografar (escrever textos em teclados de uma máquina de escrever) era uma dificuldade. Hoje em dia laboratórios de informática estão equipados com computadores para atender todos os acadêmicos, destaca Dalva Sabino.
O estudante
Atualmente, a Universidade oferece bolsa permanência, monitoria, auxílio alimentação, moradia, muitos incentivos para que o acadêmico continue estudando. No começo era só a coragem e a vontade de progredir, declara a ex-aluna Dalva. A primeira turma de Letras iniciou 35 estudantes e formaram apenas 10. Hoje são muitos e muitos que se formam.
Na primeira turma de Letras, estudar era uma grande batalha, hoje é uma batalha para que um aluno estude. Aquele tempo fazer um curso superior significava uma conquista. Agora fazer um curso superior tem sinônimo de “Ah vamos vê o que acontece”. Estudar letras naquela época era desejar ser um bom professor, auxiliar os alunos; hoje para muitos, ser professor é martírio.
O tempo passou... foram 30 anos de UFMT no Araguaia, com muito barro, poeira, isolamento, raios, falta de luz e telefone, falta de transporte, poucos professores, infraestrutura precária... Dificuldades imensas que marcaram a batalha dos pioneiros e aos poucos foram e vão sendo, superadas pela dedicação e força de vontade em estudar, ensinar e construir um futuro melhor. Mas, e nós hoje: O que esperamos para o futuro? Como será lembrada a Universidade daqui 30 anos? Muitos problemas continuam, mas com muitas dificuldades já superadas, a luta agora é pelo o comprometimento e empenho de professores e acadêmicos para continuar a enfrentar os desafios em melhoria do ensino superior.
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Texto e charge: Graziely Moessa
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