5 de dezembro de 2012

Muito sol e pouca sombra


O Campus Universitário do Araguaia está em fase de expansão.
Mas, em meio a tantas “plantas”, as verdes ficaram de fora.

A Universidade Federal de Mato Grosso, em Barra do Garças, não tem dado a devida atenção para a criação de uma área verde na instituição. Esses espaços necessitam de planejamento, pois são importantes para a preservação dos biomas naturais e para atender ao conceito de florestas urbanas, ou seja, garantir o conforto térmico (sombra) e função ecológica (equilíbrio natural).
Os eucaliptos não são árvores indicadas para o paisagismo urbano
As ações que acontecem nessa área são isoladas e sem base em um projeto de arborização. Ano passado, na semana do calouro, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), promoveu um mutirão para o plantio de mudas. Segundo o presidente do DCE João Jakson Viera Gomes, a necessidade de áreas verdes no campus é uma preocupação do diretório e lamenta que não seja uma prioridade na instituição.

O técnico administrativo, Moisés Castro da Silva, trabalha em suas horas de folga para dar uma cara mais verde à unidade. Com mudas de produção própria, ele faz todo o processo, desde o plantio à conservação das plantas. Porém, evidencia que por falta de profissionais qualificados, grande parte das mudas morre. Moisés enfatiza que as pessoas querem ter um campus mais bonito, mas precisa haver mais comprometimento da comunidade acadêmica em ajudar a cuidar destes espaços.

O prefeito do Campus Universitário do Araguaia, Éder Martins, responsável pela administração e planejamento do campus, diz que não há disponibilidade de pessoal para designar estas tarefas. Para o cuidado com a jardinagem, ele diz ser preciso vinte profissionais, mas conta atualmente com apenas seis que se revezam entre as duas unidades da instituição.

A inexistência de um projeto de arborização desencadeia a perda da biodiversidade e equilíbrio ecológico da região. Somente um profissional credenciado poderá projetar um plantio que respeite as condições de solo e clima.

Exóticas X Nativas

Conforme o avaliador e perito de Engenharia Florestal, Ronaldo Maran, as plantas nativas são as originárias do bioma local, como as Tabebuias (ipê), presentes na bacia Araguaia-Tocantins. E são essas as plantas que devem ser utilizadas em projetos de arborização urbana. Já as exóticas são transferidas para outras áreas de plantio. A exemplo das plantas exóticas, há a Eucalyptus citriodora (eucalipto), originária das florestas tropicais australianas que, aqui na micro bacia do Araguaia, torna-se exótica. O eucalipto adaptou-se facilmente ao clima e, por não ter predador, se desenvolve com mais facilidade que as plantas nativas. 

Conforme destaca Maran, na unidade de Barra do Garças há uma desordem quanto ao plantio de eucaliptos. Essa planta não é indicada para florestas urbanas, pois não atende ao principal critério: preservação da biodiversidade. Maran ressalva que não há lógica em se utilizar plantas exóticas para paisagismo. “Arborização no Campus tem que ser nativa, tem que ter função ecológica e ter conforto térmico” afirma.

Texto: Dandara Palmares e Sckarleth Martins
Foto: Graci Sá

0 comentários: