Vai uma pizza aí?

Ivan de Jesus Santos
Acadêmico do 6º sem. de Jornalismo

A presença de políticos, ou parentes de políticos, no controle de emissoras de rádios e TVs, constitui um perigo grave para o pluralismo e a diversidade e, conseqüentemente, para a democracia em geral. Infelizmente, nas leis sobre a comunicação no Brasil, como o artigo da constituição que diz que meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio,  assim como diversas outras leis, apresentam brechas e os parlamentares sempre encontram um meio de burlá-las.

O jornalista americano Ben Bagdikian, disse em seu livro “The new media monopoly”, que os meios de comunicação, ao contrário de outras empresas, “não fabricam carros ou roupas, nem porcas e parafusos” e, sim “políticas e valores sociais”. O que os políticos pretendem controlando as mídias é literalmente decidir o que os cidadãos vão, ou não vão aprender, o que vão, ou não vão fazer. E principalmente, em quem vão, ou não vão votar.

O fluxo de informações no Brasil foi e continua sendo um terreno de barganhas, onde o direito da população à informação é ferozmente afetado.

 São caladas as vozes que destoam do coro, vozes que infelizmente nunca chegarão a ser conhecidas e debatidas. Têm-se feito uma verdadeira mutação na informação, como se o jornalismo fosse simplesmente um aliado de algum projeto político e não mais um “cão de guarda”, que além de informar, alerta a sociedade. Lembramos então, que as concessões para transmissão dos canais de televisão e rádio são liberadas pelo Congresso Nacional. 

O mercado midiático precisa ser regulamentado, vigiado e regrado por alguma entidade, os impérios midiáticos construídos pelos políticos precisam ser diluídos e o povo precisa ter voz.

Gostaria de crer no resultado útil da divulgação pelo Governo, em  de junho desse ano, de uma lista com a relação de nomes de congressistas que são sócios, donos ou possuem parentes no controle de emissoras, chamada de “caixa-preta”. Essa lista reúne 291 TVs, 3.025 rádios e 6.186 retransmissoras comerciais e mostra que 56 deputados e senadores são donos ou sócios dessas emissoras. A lista, disponível no site do Ministério das Comunicações,  visa mostrar a “transparência da política“ no Brasil. Porém, eu acredito que pouca coisa, ou nada, mudará. Esse grupo de políticos possui poder suficiente para inibir inclusive as ações do poder executivo no sentido da regulação do setor. O que me preocupa é saber que já estou enjoado de tanta pizza.

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Texto: Ivan de Jesus Santos