21 de novembro de 2011

Cineclube Roncador resgata cultura do cinema em Barra do Garças


Professor Magno Silvestre, coordenador do projeto
No dia 6 de abril de 2011, uma quarta-feira, nasceu oficialmente na UFMT, Campus Universitário do Araguaia (CUA),  Barra do Garças o Cineclube Roncador, com a apresentação do filme “Araguaya – a conspiração do silêncio”. Este é um projeto de extensão inovador na instituição, que busca difundir a cultura, apresentar filmes e debater temas de interesse social e acadêmico. Como destaca o coordenador da iniciativa, professor de Geografia Magno Silvestri, o Cineclube “desde o seu o principio, foi uma ação coletiva, de um grupo de docentes, com desejo de conhecer, discutir e apreciar a cultura do cinema em Barra do Garças”, disse. Professores, estudantes e técnicos administrativos dos cursos de Geografia, Comunicação-Jornalismo, Direito, Letras (ICHS) e Educação Física (ICBS) integram a iniciativa. O projeto também conta com a parceria da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (Secitec) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT\Campus Barra do Garças). Acompanhe a entrevista.

- Como surgiu a ideia de trazer um cineclube para o CUA?
R: O processo de adaptação de trabalhadores recém ingressos na UFMT-CUA, de diversas regiões do país, também incluía a ambientação no espaço urbano de Barra do Garças. Algumas angústias eram compartilhadas nas rodas de conversa em intervalos do trabalho, sobretudo no curso de formação realizado em Cuiabá no inicio de 2011. Entre essas carências estava a de uma sala de cinema.
Particularmente, tive uma curta experiência na Universidade Federal de Rondônia (Unir), onde trabalhei no Centro de Ciências Humanas e conheci pessoas incríveis, que tocavam um projeto de extensão, com sessões no campus e no centro da cidade, mesmo formato que executamos em Barra. Na despedida de Porto Velho, disse aos companheiros que na nova cidade tentaria construir esta ideia, com outros apaixonados pelo cinema. Ao chegar aqui, os companheiros, sobretudo da Sociologia e Jornalismo também relatavam experiências bacanas de participação em cineclubes, o que gerou o projeto de extensão com título “Cineclube Universitário Roncador”.

- Qual foi à inspiração para o nome “Cineclube Roncador”?
R: O nome a princípio seria “Cineclube Araguaia”, por causa do rio que delimita a fronteira de Mato Grosso e Goiás, território de influência da UFMT-CUA. Ao realizarmos algumas pesquisas sobre cineclubes no Brasil, o professor Alfredo (Jornalismo) identificou que já havia um cineclube com o nome ‘Araguaia’ em Cascavel (PR). Decidimos procurar outro, que também tivesse abrangência representativa e remetesse à identidade regional. Num encontro com a artesã Maria Du Carmo surgiu a sugestão de “Roncador”.
O nome remete há um obstáculo orográfico de destaque para que vive ou transita por aqui, pela exuberância física da serra ou misticismo que evoca, como um lugar sagrado. Como o rio Araguaia, serpenteia a faixa fronteira leste de Mato Grosso. “Roncador” também se refere ao som do vento que corta a serra com um ruído prolongado que percorre os vales e fendas da formação rochosa, remetendo ao signo do audiovisual... chave para o cinema! O nome foi aprovado por unanimidade.

- Como é realizada a escolha dos filmes?
R: Para além do projeto, o cineclube procura ser um movimento popular, de caráter democrático. A equipe realiza reuniões quinzenais abertas ao público, nas quais se discute propostas de temas e filmes. Neste ano já foram trabalhadas as temáticas: juventude, caminhos e descaminhos ambientais e luta de classes . Após cada filme é realizado um debate sobre o mesmo.

- Como é participação dos estudantes nesse projeto?
R: Temos bolsistas de extensão como membros da equipe organizadora do projeto. Pedimos três bolsistas, mas fomos surpreendidos com um corte no numero de bolsas. Mais tarde mais dois estudantes da modalidade permanência se juntaram ao grupo. Além deles, outros estudantes – de forma voluntária – participam do projeto, na divulgação e nas atividades de planejamento. E claro, todos serão certificados! Assim podem cumprir parte das atividades extracurriculares.

- Onde geralmente ocorrem as sessões?
R: Na sala de aula 217 do Campus de Barra do Garças e no auditório da Secitec. Estamos aguardando a conclusão de outro prédio, onde foi nos prometida uma sala com os equipamentos fixos (projetor, tela e som). Ainda temos que carregar os equipamentos da administração para a sala oferecida ao projeto. Sabemos que está em construção uma sala especifica para projeção de filmes, o que certamente irá alavancar as atividades do cineclube, provavelmente no ano que vem.

- Há patrocínio?
R: Não.

- Há alguma espécie de diálogo com outros cineclubes do país?
R: Sim. Parte da equipe do projeto participou recentemente do XIII FICA, na Cidade de Goiás (GO). No evento, ocorreu um encontro de cineclubistas, no qual trocamos experiências e ideias para integração nacional e regional. Em escala estadual está sendo construído a rede de cineclubes, que conta com contatos de Alta Floresta, Cáceres, Cuiabá e São Félix do Araguaia.

- Qual a importância desse projeto para a universidade e a comunidade?
R: Primeiro, resgatar a cultura de cinema na região de Barra do Garças e fortalecer o debate sobre políticas de cultura. Hoje vivemos uma expansão sem precedentes do individualismo onde as atividades coletivas são cada vez menos duradouras e prestigiadas. A importância que acreditamos existir em assistir um filme com o público nos possibilita a troca de percepções, ideias que nos fazem pensar para além de nossas referências culturais. Debater o formato e o conteúdo de um filme pode nos levar a uma reflexão diversa e mais qualificada. Sairmos de nossas concepções formadas e ouvir o outro é um exercício importante para compreendermos a nossa realidade sociocultural.
Após apresentação do filme é realizado um debate sobre o mesmo


Neste ano as temáticas foram: juventude, luta de classes e caminhos e descaminhos ambientais




















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Entrevista: Nahida Ghattas
Imagens: Arquivo Cineclube

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