4 de dezembro de 2012

Greve - Relatos pessoais sobre a greve docente 2012


Prof. Dr. Luís Bitante
A greve dos docentes uni­versitários federal teve seu início no segundo semestre de 2011. Poucas foram as unidades federais que aderiram ao movimento e as pautas de reivindicação ti­veram como prioridade a Rees­truturação do Plano de Carreira. Liderado pelo Andes (Associa­ção Nacional dos Docentes do Ensino Superior), sindicato que representa nacionalmente a maioria dos docentes, a paralisação se estendeu por poucos dias. Meu posicionamento polí­tico no momento de decidirmos pela saída da greve era pela ma­nutenção do movimento, pois tinha total convicção de que 2012 seria marcado por uma paralisação grandiosa, devido ao posicionamento contrário que o governo havia assumido diante das ‘falsas’ negociações com os dirigentes do Andes. Fim da greve. Voto vencido.

Volta­mos às nossas atividades com a esperança de que o governo iria sentar para construir uma pro­posta de carreira que atendesse aos interesses da categoria e que levasse a condições de trabalho mais humana e menos aviltada. Deu-se o início de 2012 e vários foram os acontecimentos que levaram a um breve período de total passividade por parte dos docentes. Negociações mal su­cedidas, morte do interlocutor do governo e os míseros 4% de aumento e incorporação da gra­tificação por titulação no contra cheque, somado ao descaso do governo com a categoria foi o suficiente para acender a ponto de um pavio que explodiu em uma das maiores greves da ca­tegoria, que perdurou por 120 dias. Saímos às ruas, responde­mos às provocações do governo e da mídia, lutamos por uma causa justa da qual tínhamos e temos total convicção.

 O tempo foi passando e as negociações se tornando cada vez mais du­ras, por parte do governo e, por meio de um acordo imoral com o Proifes (um falso sindicato que não tem representatividade) a greve foi sendo minada em suas bases. A democracia, das bases, construída no fortalecimento da greve é que gerou seu fim. Vol­tamos às nossas atividades com mais uma promessa de uma re­estruturação da carreira. Em mi­nha opinião, o movimento gre­vista, ao mesmo tempo em que, exaltou os professores e nos fez enxergarmos como Classe (na concepção clássica do marxis­mo), também nos fez, como ca­tegoria, sentirmos desmoraliza­dos e desvalorizados pela mídia, pelo governo e pela sociedade. Espero que eu esteja errado, pois sei que em breve teremos que levantarmos novamente nossa bandeira. Com que força?

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